Docinhos: Função CEO - A Descoberta da Verdade (parte 22)

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"Eu estava tão nervosa, cansada e desgastada e ainda receber aquelas acusações só deixava o meu caso mais complicado. Por que ele agia assim comigo? Não já havia lhe dado provas suficientes do meu amor? O silêncio passou a incomodar. Ele não se mexia, escondia de mim seu rosto. Também não ia embora, se bem que eu não queria que ele fosse. Apenas desejava que ele relaxasse e acreditasse. 
Mas o que acontecia era que a cada segundo uma barreira enorme se estendia entre nós dois, o que me angustiava. Em pouco tempo eu já me sentia sufocar. 
- Robert, eu não sei o que você está pensando. Não consigo nem imaginar o que passa em sua cabeça. Só queria entender o que pretende. Eu... Estou tão confusa!
- Bem vinda ao clube – ele riu com ironia, mantendo a cabeça escondida entre as mãos. Caminhei em sua direção, ansiosa demais para acabar de uma vez por todas com a nossa distância.
- Robert...
- Não, Melissa! – Parei chocada e triste por ele ainda desejar me evitar.
- Por que? – ele levantou a cabeça e me encarou. Foi como uma bofetada, pois seus olhos me acusavam da maneira mais sincera e transparente possível. – Quando vai entender que eu não estou errada? Que tudo o que fiz foi pela sua família, por você, por nós dois – puxou o ar com força e riu. Mais escarnio. – Merda! O que preciso fazer para que entenda que foi tudo por amor? Eu não suportava mais assistir este jogo e não fazer nada para encerrá-lo.
- A ideia foi sua? Pensei que Abby tramou tudo.
- Claro que não foi minha ideia – revirei os olhos e caminhei pelo quarto. – Eu te contei, Abby fez o plano junto com Dean, eu apenas concordei quando fui inserida nesta loucura toda. 
- Dean deve ter ficado muito feliz por estar te ajudando. É o seu marido – suas palavras acusatórias deixavam claro que ele ainda não havia superado aquela parte do plano. Mesmo sendo uma mentira. 
- Isso é o que está contando?
- Tudo está contando.
- O meu amor está contando? – ele parou surpreso com a minha pergunta. – Conta ou não? 
- Você não pode justificar com o seu amor tudo o que fez. 
- Não foi só o que você fez comigo até hoje? – mais uma vez ele ficou surpreso. Passou a mão nos cabelos e umedeceu os lábios. Puta merda! Ele era capaz de me excitar até quando me fazia passar raiva e desespero. – Você me perseguiu, seduziu, invadiu minha casa e minha vida, me vigiou, impôs regras e mais regras, determinou todos os meus passos e tudo por que? Porque você me ama? 
- É diferente.
- Pelo amor de Deus! – falei um pouco mais alto. – Não subestime a minha inteligência. Você pode decidir a minha vida, prometer o que nunca poderia cumprir e me diz que é diferente? 
- Eu sei como lidar com Tanya. Estou neste jogo a bastante tempo – atacou visivelmente acuado. 
- O que não lhe deu a vitória. Muito pelo contrário. Nos separou.
- E não é exatamente o que está acontecendo agora? – Ele se exaltou. Foi a minha vez de ficar chocada com aquela declaração. Robert reconhecia a nossa separação. Sabia que nada mais nos impedia, mesmo assim aceitava e afirmava que estávamos separados. – O seu plano nos separou.
- É a sua escolha? – meus olhos já estavam marejados e minha voz embargada. – É o que você quer? Só não justifique sua escolha como baseada no plano, porque você sabe e eu sei que se não acreditasse no que estamos fazendo, se não confiasse em mim, você não aceitaria participar disso tudo. 
- Eu aceito porque não há mais nada que possa ser feito. Você arriscou a sua vida se colocando neste jogo...
- Você arriscou a minha vida muito antes, quando decidiu que me tomaria como amante – mais uma vez duelamos com o olhar, porém ele recuou.
- Eu errei. Satisfeita? Errei quando te coloquei nesta história. Errei quando te escolhi como amante. Errei quando acreditei que o nosso amor era mais forte do que isso tudo – gritou, mas a dor estava em suas palavras como uma faca afiada, cortando tudo o que alcançasse. 
Foi o suficiente para mim. As lágrimas rolaram e a dor lasciva apertou o meu coração. Mesmo assim o encarei determinada a não me deixar vencer. Robert vacilou diante do meu choro, mesmo com a minha postura firme. 
- Pois eu não vou desistir. Nada do que você disser ou fizer vai me fazer acreditar que eu errei. O que eu fiz foi buscando a sua felicidade. A nossa felicidade. Mesmo que ela não tenha mais nenhum valor para você. Eu fiz e faria tudo outra vez. Porque eu te amo! E se o seu amor não foi forte o suficiente para suportar isso tudo, o meu continua sendo. Nós não somos iguais, Robert. Eu não sou capaz de matar o que sinto. Não deixei de te amar quando descobri que você era casado, muito menos quando Tanya disse que estava grávida, nem quando descobri toda a sua história, menos ainda quando quase morri por este amor. Sabe do que mais? Eu viveria tudo novamente. Eu te amo! É vivo e real dentro de mim. Impossível de ser desprezado. Lamento muito que seja mais fácil para você.
Solucei com o choro e senti raiva de mim e dele e de toda a situação. Robert era um idiota, cabeça dura que não sabia convier com a perda do controle. Toda a sua raiva e frustração se resumia a um único fato: controle. E eu tinha vontade de socá-lo por isso. Dei as costas e me afastei. Queria poder chorar sozinha e depois me restabelecer sem precisar de mais ninguém. 
- Há muito tempo eu descobri que é impossível desprezar um amor – sua voz cortou o nosso silêncio e me sobressaltou. Sem me sentir envergonhada pelo meu estado, virei em sua direção. – Se você consegue, é porque não é amor – mordi os lábios sentindo o peso das suas palavras. Fechei os olhos contendo o desespero. Era o nosso fim? – Eu não posso desprezar o que sinto – solucei com o alívio imediato, mas não me permiti acreditar. – Não pude quando achei que você tinha me roubado, nem quando tive que aceitar que você estava casada e que não me queria mais. Eu simplesmente não consigo. 
- Mesmo assim prefere me deixar – tive coragem de afirmar. A dúvida estava me machucando demais e eu precisava que tudo fosse muito bem colocado. 
- Não, Melissa – ele suspirou e eu fui dominada pelo choro. 
- Então por que? 
- Porque eu não posso agora. É... Complicado. Difícil demais para mim. A raiva é grande. Estou consumido pela mágoa – Dei as costas e caminhei até a janela, chorando copiosamente. Eu não sabia mais o que pensar, o que esperar e no que acreditar. O que ele me dizia? 
Ouvi a poltrona ranger com seu movimento, e depois seus passos em minha direção, mas não quis olhá-lo. Robert parou às minhas costas, suas mãos acariciaram meus braços, mas ele ainda mantinha a distância entre nós dois, mesmo quando seus lábios tocaram minha cabeça em um beijo de consolo e quando ele aspirou meu cheiro de maneira saudosa. Mesmo assim, não houve o rompimento das barreiras. 
- Preciso ir. Descanse um pouco – funguei e enxuguei as lágrimas com a palma da mão. 
- Não se preocupe. Eu vou ficar bem – me afastei. Uma forma de impedir que o desejo e amor falassem mais alto e eu acabasse implorando para que ele não fosse embora. 
- Vai deitar?
- Não. Minha cabeça dói. Acho que vou andar um pouco pela casa, ou ler um livro.
- Não seja absurda, Melissa. Você precisa descansar. Deite um pouco.
- Não quero – fracassadamente recomecei a chorar. – Por favor, eu não quero. 
- Por que?
- Porque não quero te ver indo embora mais uma vez. Sinto muito. Sei que estou sendo uma idiota, mas droga! Sabe quantas vezes eu sonhei com este momento? Eu fantasiei com o dia em que finalmente eu poderia te contar a verdade. Que poderia te ver ainda mais apaixonado com o alívio do nosso amor, mas veja o que está acontecendo.
- Mel, calma! Nós já perdemos muito tempo conversando sobre isso. Vamos dar um tempo, deixar a poeira baixar. Por favor!
- Tudo bem – eu tinha raiva de mim por me permitir ser digna de pena.
- Venha, eu vou te colocar na cama – ele segurou em minha mão e meu corpo inteiro correspondeu ao seu toque.
- Não!
- Nem se eu ficar com você? – encontrei seus olhos e vi o quanto ele estava cansado. Robert não me aguentava mais. Eu era uma grávida que chorava demais, enjoava demais e irritava demais. Merda! 
- Vai passar a noite aqui?
- Não. Apenas até você pegar no sono. Tanya está em casa e acreditando que eu estou com a Carol. Ela sabe muito bem que eu não arriscaria tanto por um caso tão recente – concordei sem nada dizer e ele me levou até a cama.
Desfez os lençóis e após me ajeitar adequadamente, cobriu meu corpo com a manta. Tive medo de olhá-lo e acabar exigindo demais, mas ele deitou ao meu lado e me abraçou, puxando-me para seu peito. Seus dedos acariciaram meus cabelos. Apoiei-me em seu corpo e fechei os olhos. Novamente o silêncio se fez quando ele apagou a luz utilizando o controle da cama. Ficamos no escuro, apenas com o toque sutil dos seus dedos em meu couro cabeludo e as nossas dores. O sono me venceria rapidamente, o choro e a gravidez colaboravam para que isso acontecesse. 
- Eu amo você! – afundei em seu peito e aspirei seu cheiro, ciente de que não mais estava em meu mundo e sim adentrando o mundo dos sonhos. 
- Eu também amo você – sussurrou antes que eu afundasse no sono."

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