DOCINHO - O PROFESSOR - LIVRO 1 - PRIMEIRA PARTE

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CHARLOTTE

"Porém ele me abandonou rápido demais para o meu gosto, se afastando de forma a manter uma distância segura de mim, como se eu fosse perigosa ou algo parecido. Meu professor manteve-se longe o suficiente para me fazer questionar o que havia de errado.
- Você me confunde, Charlotte. Eu normalmente fico... – coçou a cabeça sorrindo um pouco. – Não sei como fico – e sorriu de uma maneira tão linda que tive vontade de abraçá-lo.
- Mas eu sei como eu fico – ele me encarou e eu recuei.
Havia algo de animal na forma como Alex me olhou. Algo quente e intimidador ao mesmo tempo. Que me fez arfar e temer, e que principalmente me incentivava a continuar por aquele caminho.
- Você me ensinou, lembra? A dizer como me sinto. A entender o meu corpo – minha voz foi morrendo enquanto ele apenas me encarava.
Meu professor soltou o ar com força e me deu as costas, andando pela cozinha sem fazer nada especificamente.
- Agora você está aborrecido?
- Não – sua voz estava mais calma e suas feições menos tensas. – Eu só não sei como reagir a você. Tenho medo do que vai gerar esse nosso acordo.
- Alex... – Droga! Ele sempre fazia aquilo, sempre me mostrava que não queria.
- Eu quero, Charlotte. Estou adorando a forma como o seu texto está ficando, de verdade. Mas não posso mentir e dizer que estou encarando isso tudo com naturalidade.
- Se você conseguir esquecer que é meu professor, enquanto estivermos juntos, talvez ajude.
- Ajudaria, seu eu fosse capaz de fazer isso. Mas mesmo que eu conseguisse este feito, não deixaria de ser um homem muito mais velho e mais experiente do que você.
- Isso acontece todos os dias. Diferença de idade não atrapalha ninguém de se relacionar – me encolhi com minhas próprias palavras. O que eu estava fazendo falando de nós dois como um relacionamento? Mas Alex assentiu e suspirou.
- E eu ainda sou o editor-chefe e você é uma escritora com futuro – sorri largamente. Era bom ouvir aquelas palavras ditas pelo editor-chefe mais conceituado do Brasil.
- Eu não trabalho para você, Alex – sorri timidamente. Seria um sonho se fosse verdade.
- Mas pode trabalhar algum dia – ele rebateu.
- E Papai Noel pode aparecer na minha porta de sunga – ele riu. – Eu não penso no que pode acontecer um dia. Na verdade, estou pensando muito mais no aqui e no agora. Preciso me concentrar no meu projeto e... Ser aprovada – ele ficou sério me encarando.
- Tudo bem, Charlotte – e se aproximou um pouco mais. – E o que quer aprender hoje?"

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