Docinhos: Função CEO - A Descoberta da Verdade (parte 5)

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"Levantei o rosto para chuva que engrossara e formava um véu me impedindo de enxergar além do carro. Atravessei correndo a rua, mas parei antes de conseguir alcançar a porta. A chave ainda estava em minhas mãos e meu dedo estava quase destravando o veículo quando a vi.
Ela estava na chuva, parada próxima a mim. Seus cabelos longos e volumosos estavam molhados, assim como a sua roupa, uma calça jeans e um suéter que malmente a protegeria do frio congelante que fazia. Mas ela estava lá, parada e me encarando, enfrentando toda a chuva que descia sobre nós dois. 
- Melissa? – sussurrei, mas tive certeza de que ela ouviu. Dei um passo em sua direção, tendo a certeza de que ela desapareceria assim que eu avançasse, afinal de contas, eu estava bêbado. Mas ela não recuou, nem sumiu como fumaça. Manteve-se na chuva, me encarando com um misto de tristeza e raiva. – Melissa? – falei um pouco mais alto. Mesmo assim ela não se mexeu. 
Criei coragem e fui até ela. Fiquei o mais próximo possível, olhando em seus olhos, quando só então me dei conta de que estes estavam levemente vermelhos, como se ela tivesse chorado. Não! Droga! O que eu fiz?
- Mel! – fechei os olhos e baixei a cabeça em rendição. Não havia como lutar contra aquela mulher. Se ela me queria rendido. Era o que teria de mim. Ajoelhei a sua frente e encostei minha cabeça em suas pernas, sentido a chuva escorrer pelo meu corpo e me afogar em sua tristeza sem fim. – Me perdoe! 
- Robert! – sua voz saiu sofrida, pesada, como se para ela fosse difícil demais também. E então ela ajoelhou a minha frente, tomando meu rosto em suas mãos, forçando-me a encará-la. – Seja forte. Lute! Por mim, por você e por nós dois. Seja o meu Robert, eu te imploro! Por favor, não se entregue desse jeito. 
Pisquei sem acreditar naquelas palavras. Meu coração castigava meu peito e o ar ficou pesado. Minha mente rodava, mesmo assim eu entendia o que ela dizia e suas palavras eram como um bálsamo. Minhas feridas se fechavam e a alegria voltava para minha vida.
- Eu amo você, Mel! Não me deixe!
- É preciso. Perdão! – e ela chorou.
No mesmo instante senti uma pontada em meu pescoço. Minhas pálpebras ficaram pesadas e minha mente confusa. O que estava acontecendo? Meu corpo fraquejou e caiu no chão molhado, mas ela ainda estava lá, fixa em meu olhar, enquanto eu lutava para manter-me consciente. 
- Eu amo você, Robert! Continue acreditando em nosso amor.

***

“Eu amo você, Robert! Continue acreditando em nosso amor”
Minha cabeça estava muito pesada e minha língua grossa. Puta que pariu, mais um porre. Aquelas palavras ecoavam naquele tom suave que apenas ela era capaz de ter.
- Melissa?
Ela estava lá. Eu tinha certeza. Pude sentir suas mãos, ouvir sua voz, ver suas lágrimas. Não foi um sonho.
- Melissa?
- Robert! Calma!
Bruno? Merda! Onde estava Melissa? Abri os olhos apenas para constatar que a merda da luz me causaria enjoo e cegueira. Onde eu estava? Forcei as vistas e encontrei o quarto do meu irmão. Puta merda! Eu estava na casa de Olívia?
- O que eu faço aqui?
- Como assim o que você faz aqui? – Com bastante cuidado levantei meu corpo e sentei na cama. A mesma situação em dois dias: eu nu, em uma cama que não era a minha, após um porre homérico. 
- Onde está Melissa? – ele me encarou com receio.
- Melissa? Você bateu a cabeça?
- Ela estava comigo. Aonde ela está?
- Robert! Eu estava entrando no Salud quando vi você parado do outro lado da rua, próximo ao seu carro, no meio da chuva. Quando consegui te alcançar você desmaiou, simplesmente apagou. Consegui te segurar a tempo, mas estou acreditando seriamente que você bateu a cabeça, pois não havia ninguém lá, além de nós dois. 
- Eu não estou maluco, Bruno. Estava saindo do bar quando avistei Melissa. Ela me disse...
- Encare logo de uma vez que Melissa não estava lá – ele se agitou incomodado com a conversa. – Ela te roubou, Robert, pelo amor de Deus! E está casada com aquele carinha. 
Senti vergonha da minha reação. Não era eu quem fazia o papel do irmão mais velho que alertava o caçula das armadilhas da vida? Como tudo se inverteu assim? E Melissa? Foi realmente uma alucinação? Não. Eu não podia acreditar. 
“Seja forte. Lute! Por mim, por você e por nós dois. Seja o meu Robert, eu te imploro! Por favor, não se entregue desse jeito... Eu amo você, Robert! Continue acreditando em nosso amor” 
Podia ter sido uma alucinação, mas era isso que eu me apegaria. Eu seria forte. Lutaria por nós dois e acabaria com Tanya, como havia prometido a Melissa, mesmo que tudo não passasse de um devaneio, de uma brincadeira da minha mente. Eu devia isso a Mel."

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